segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Procura-se um amante!





Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que
não têm, e as que tinham e perderam.

Geralmente são essas últimas as que vêem ao meu consultório para me contar
que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia,
pessimismo, crises de choro ou as mais diversas dores.
Elas me contam que
suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham
apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.

Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão
simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios,
onde receberam as condolências de um diagnóstico firme:
"Depressão", além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.

Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que elas não precisam de
nenhum anti-depressivo;
digo-lhes que elas precisam de um AMANTE!

É
impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho.
Há as que pensam:
"Como é possível que um profissional se atreva a sugerir
uma coisa dessas?!
"Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem
e não voltam nunca mais.

Àquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o
seguinte:
AMANTE é "aquilo que nos apaixona".
É o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono e é também
aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.

O nosso AMANTE é aquilo que nos
mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos
mostra o sentido e a motivação da vida.

Às vezes encontramos o nosso amante em nosso parceiro, outras, em alguém que
não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações
incríveis.

Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na
literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade
de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer
obsessivo do passatempo predileto...
Enfim, é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do
triste destino de "ir levando".

E o que é "ir levando"? Ir levando é ter medo de viver.

É o vigiar a forma
como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por
consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é
gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é
se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a
chuva.

Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se
contentar com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo
amanhã.
Por favor, não se contente com "ir levando"; procure um amante, seja
também um amante e um protagonista da SUA VIDA...

Acredite: o trágico não é morrer; afinal a morte tem boa memória e nunca se
esqueceu de ninguém.

O trágico é desistir de viver; por isso, e sem mais
delongas, procure um amante .
A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo
transcendental: "PARA SE ESTAR SATISFEITO, ATIVO E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ,
É PRECISO NAMORAR A VIDA.

"

(Dr. Jorge Bucay - tradução do original "Hay que buscarse um Amante")

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